A Quarta-feira de Cinzas marca o início do período da Quaresma na Igreja Católica. Ela marca o início de uma peregrinação de 40 dias em direção à Páscoa, uma jornada de renovação e transformação espiritual. Somos convidados a passar 40 dias rezando, jejuando e dando esmolas, como nos 40 dias que Jesus passou jejuando no deserto.
A Quaresma, para mim, é um período em que olhamos para dentro de nossos corações e estamos abertos à transformação por meio de um encontro pessoal com Cristo e a cruz. Assim como os peregrinos viajam para locais sagrados buscando uma conexão mais profunda com Deus, nós embarcamos na jornada da Quaresma para renovar nosso relacionamento com Ele. Como cristãos, não podemos fugir da cruz. Como o Pe. Gailhac sempre nos lembra em suas cartas: “Todo mundo tem uma cruz” (GS/21/X/80/A. Vol. II) e que “carregar minha cruz todos os dias e não arrastá-la é minha vocação” (GS/11/X/77/A. Vol. I).
A cruz é um símbolo poderoso tanto de sacrifício quanto de esperança. Durante a Quaresma, como peregrinos, somos convidados a carregar nossa cruz, sempre olhando para a esperança oferecida pela ressurreição de Cristo. A Quarta-feira de Cinzas nos convida a contemplar o significado da cruz em nossa própria vida e a extrair força dela. Nossas cruzes podem se manifestar de diferentes maneiras: uma luta pessoal, um desafio familiar ou uma necessidade comunitária. Seja qual for a forma que ela assuma, nossa cruz é uma oportunidade para crescermos, aprendermos e nos rendermos à vontade de Deus. Qual é a minha cruz e como devo carregá-la nesta Quaresma?
Jesus nos ensina no Evangelho em Mt. 6:1-6,16-18 que a verdadeira piedade não tem a ver com as aparências externas, mas com as motivações por trás de nossas ações. Ele nos adverte contra a realização de atos de caridade ou devoção para aclamação pública, aconselhando-nos, em vez disso, a agir com humildade e sigilo. Ao refletirmos sobre nossas intenções, somos convidados a nos perguntar: nossos sacrifícios e orações da Quaresma estão enraizados no desejo de agradar a Deus ou de obter o reconhecimento dos outros?
Ao recebermos as cinzas em nossa testa, somos lembrados de nossa mortalidade: “Lembre-se de que você é pó e ao pó retornará”. Esse ato de humildade nos desafia a confrontar nossas falhas e as áreas em que nos afastamos de Deus. Ele nos desafia, especialmente como mulheres de esperança profética e peregrinas de esperança, a semear esperança em todas as situações. Essa esperança deve vir de nossos corações e nos transformar à medida que transformamos o mundo para que todos possam ter vida.
Por Irmã Previladge Gunyere