Maria, Mulher de Esperança Profética
Queridas Irmãs, Colaboradores, Membros da Família Alargada/Ampliada SCM e Membros da Rede Global de Escolas RSCM, 
Saudações! A festa do Sagrado Coração de Maria acontece este ano no dia 28 de junho, próximo da abertura do 24º Capítulo Geral do nosso Instituto. Muitas de nós viajaremos para Belo Horizonte nos próximos dias, levando no coração as esperanças e aspirações de todas as RSCM e de todas as pessoas que partilham a nossa missão. Durante o ano passado, preparamo-nos bem para este importante acontecimento: rezamos, sonhamos, ponderamos e exploramos juntas o chamamento a sermos mulheres de esperança profética, a caminhar juntas, arriscando o novo, para que todos tenham vida. Que a nossa celebração da festa do Coração de Maria seja um momento de graça especial, enquanto fazemos uma pausa para refletir sobre o ser humano que mais plenamente encarna o tema e o apelo do nosso Capítulo.
“Ao seguir Jesus”, as nossas Constituições dirigem o nosso olhar para Maria (# 3), “que acolheu todas as coisas e as meditou no seu coração…” (#56). Devemos contemplar “a mulher de fé” (#56), cuja resposta à surpreendente mensagem do anjo Gabriel (Lc 1,38) é um “salto de fé”, que emerge de um coração atento, de um modo habitual de lidar com os acontecimentos da sua vida. Por duas vezes, o Evangelho de Lucas diz-nos que Maria “guardava todas estas coisas e refletia sobre elas no seu coração” (Lc 2,19.52). O seu coração é um coração contemplativo, atento à ação de Deus nela e no seu povo. Pela “profunda e ativa recetividade da sua fé“, ela “pôde, na força do Espírito, dizer SIM” (#3). A sua resposta a Gabriel é a resposta de uma mulher de fé e de esperança profética.
Na sua apresentação por ocasião da festa do Sagrado Coração de Maria 2024, a Ir. Luísa Maria Almendra RSCM refletiu conosco sobre quatro mulheres bíblicas, cujas ações demonstraram uma extraordinária esperança profética. Sobre Maria, ela disse-nos: “…ninguém como Maria experimentou a ação de Deus na sua vida e soube viver de uma autêntica esperança profética.” O cântico de Maria, nascido do encontro com a sua prima Isabel, também ela “cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 42), proclama as “grandes coisas” que Deus realizou na sua vida e na vida e história do seu povo: Deus “derrubou os poderosos de seus tronos, exaltou os humildes e encheu de bens os famintos…” (Lucas 1, 45-53). Este é o “cântico de um povo visitado pela graça” (Papa Leão XIV, Homilia, 31 de maio de 2025), que emerge de um coração que meditou sobre os caminhos de Deus e aprendeu a confiar em Deus, mesmo quando não o compreende totalmente. Ao longo da sua vida, Maria continuou a confiar e a dizer SIM aos projetos de Deus, realizando as esperanças do povo de Israel e tornando-se para toda a humanidade uma mulher de esperança profética.
Como Maria, somos chamadas/os a discernir os caminhos de Deus no nosso tempo: a escutar a voz de Deus na nossa experiência pessoal e na experiência de outras pessoas, especialmente no grito dos pobres, dos que sofrem e não têm voz e no grito da terra. Somos convidadas/os a reconhecer a presença de Deus nestas situações e a encontrar nelas sinais e sementes de esperança. A esperança profética é exigente e custosa, mas “permite-nos perseverar nas dificuldades e no desânimo” (Jessie Rogers ao CLA, novembro de 2024). Quem de nós não se sentiu impotente e desamparado, por vezes talvez sem esperança, perante os sofrimentos indizíveis de povos, no nosso mundo de hoje? Quem de nós não se sentiu desanimado face à incerteza do futuro do nosso mundo ou da vida religiosa? No entanto, todos nós somos chamados à esperança.
A esperança é nutrida no tempo que passamos na presença de Deus, onde começamos a ver o mundo como Deus o vê e a deixar que as esperanças e os sonhos de Deus para o nosso mundo se enraízem nos nossos corações. (Jessie Rogers, Ibid) Cresce a partir da escuta diária da Palavra de Deus e, como Maria, ponderando-a e interiorizando-a, para que transpareça nas nossas escolhas, ações e palavras. Será que o futuro, o caminho a seguir, alguma vez se tornou claro para Maria? Ser uma mulher de esperança profética não significa que ela ‘soubesse’ o que o futuro lhe reservava, mas que, com fé e confiança, estava aberta a qualquer forma que ele pudesse assumir para ela. Talvez fosse essa a parte “profética”: dizer SIM, acreditando que, fosse qual futuro fosse, Deus caminharia com ela. E nós, nesta altura de Capítulo, somos igualmente chamadas/os a essa mesma esperança profética. O planejamento e a preparação em que nos empenhámos neste último ano foram necessários, uma parte essencial de uma boa administração na vivência da nossa missão, mas a forma que tomará o nosso futuro é ainda desconhecida. A nossa esperança profética, tal como a de Maria, significa que estamos prontas/os a escutar o chamamento de Deus para nós agora e a acolher as coisas novas que Deus está a fazer. Significa estarmos abertas/os a experimentar novos caminhos, novas direções. Significa que somos capazes de dizer SIM, como temos dito SIM ao longo dos anos desde a nossa fundação, a qualquer forma que o futuro nos reserve. Sabemos que será diferente. Sabemos que será um desafio, como foi o fruto do SIM de Maria. Tal como Maria, não temos a certeza, mas a nossa fé e esperança, tal como as dela, sustentam-nos.
A Igreja chama-nos a caminhar juntos na esperança, nestes tempos difíceis de guerra e sofrimento no nosso mundo, “a procurar a esperança e a ser sinais de esperança” (Papa Leão XIV, 26 de maio de 2025). Ao celebrarmos a festa de Maria, Mulher de Esperança Profética, e ao entrarmos no Capítulo 2025, recordamos com profunda gratidão as muitas mulheres e homens, do passado e do presente, que caminham connosco e são autênticos sinais de esperança profética no mundo de hoje. O seu testemunho inspira-nos.
Um dia de festa muito feliz para todos: Irmãs, Membros da Família Ampliada/Alargada SCM, Membros da Rede Global de Escolas, Colaboradores e Amigos!
Assegurando-vos a nossa proximidade, afeto e orações,
Maria do Rosário Durães, Monica Walsh, Sipiwi Phire, Ana Luísa Pinto, Maria Aparecida Moreira, Margaret Fielding