O Sábado Santo é um dia de silêncio e de espera uma pausa sagrada entre a angústia da Cruz e a alegria da Ressurreição. No Evangelho de hoje (João 19:40–42), assistimos a José de Arimateia e Nicodemos, outrora discípulos escondidos, a entrar na luz para cuidar ternamente do corpo partido de Cristo. As suas ações são silenciosas, reverentes e corajosas. Eles não falam; servem.
Este momento de sepultamento não é derrota, é amor realizado através da fidelidade, mesmo quando a esperança parece enterrada. Ela recorda-nos que mesmo na escuridão, o amor não abandona. Ela prepara-se, espera e confia no que está para vir.
No espírito do Padre Jean Gailhac, somos convidados a ver este momento como uma expressão de total entrega e confiança no amor redentor de Deus. Gailhac falava frequentemente da necessidade de nos unirmos à vida de Cristo não só na Sua missão e ressurreição, mas também no Seu sofrimento e aparente silêncio. Acreditava na fé ativa, um amor que continua mesmo quando não é visto nem sentido, fazendo eco das suas palavras: “Não basta admirar Jesus, é preciso imitá-lo”.
O sepultamento de Jesus é um momento de graça oculta, muito semelhante ao próprio Sábado Santo um momento que nos chama, como Gailhac ensinou, a aprofundar a nossa vida interior, a permanecer perto de Cristo mesmo junto ao túmulo. O silêncio não é vazio; está repleta de esperança, tal como o túmulo não é o fim, mas a porta para a vida.
Somos chamados, como José e Nicodemos, a ser portadores de compaixão em tempos de perda, a estar com os outros nas suas Sextas-feiras Santas e a viver com fé nos seus Sábados Santos. A nossa missão, tal como Gailhac imaginou, é fazer com que Deus seja conhecido e amado mesmo quando tudo parece escondido.
Hoje, esperamos com Maria junto ao túmulo. Não esperamos em desespero, mas com um coração cheio de expectativa fiel, acreditando, como Gailhac, que o amor nunca acaba e que a vida ressurgirá.
Por Irmã Perpetual Muzivani
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